A ascenção dos Esports no ambiente profissional

Para muitos de nós, que já terminaram os estudos há muito tempo e que já estão no mundo do trabalho, muito provavelmente o mundo dos Esports é algo com que não estamos familiarizados. No seu melhor, falamos de uma indústria com um crescimento explosivo, composta por jogadores profissionais, que competem em ligas e torneios com uma audiência global de mais de 150 milhões de pessoas.

Existem duas grandes competições: a Overwatch League e a League of Legends. Cada uma delas adotou o modelo de franquia Norte-americano, muito semelhante ao que podemos encontrar em desportos tradicionais como o Basquete (NBA) ou o futebol americano (NFL). Comprar uma equipa numa destas ligas pode custar cerca de 20 milhões de dólares. O modelo, com algumas variações, foi implementado em muitos países, incluindo em Espanha a nível profissional.

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Em Espanha, é um fenómeno que tem vindo a crescer exponencialmente nos últimos 10 anos, tendo-se já ramificado para a vida profissional. Da mesma forma que os deportos ditos tradicionais como o futebol ou o remo acabaram por formar ligas no meio empresarial, os Esports não são exceção e começam agora a ter as suas próprias ligas.

A entrada de grandes empresas em competições de Esports não está apenas relacionado com a tentativa de capitalizar a tendência ou seguir a moda. Por trás disso, há muito mais, e os benefícios podem ser entendidos, acima de tudo, sob a perspetiva dos recursos humanos. É nesse ambiente que podemos falar sobre três grandes benefícios que o uso dos Esports podem trazer para uma empresa: atração, envolvimento e avaliação e desenvolvimento.

O uso dos Esports aporta mais atração e maior envolvimento na empresa

Para muitas empresas sem a atratividade suficiente para captar as novas gerações, ou para que estas as tenham como uma referência enquanto empresa ideal para desenvolver a sua carreira, os Esports têm vindo a tornar-se a ferramenta ideal que lhes permite alcançar este grupo demográfico habitualmente fora de alcance com uma nova mensagem. Desta forma, quando falamos em atrair jovens talentos, os Esports são os embaixadores perfeitos da marca. Eles são outro ingrediente de inovação e identificação com uma tribo que muitas empresas estavam a deixar para trás.

A segunda dimensão centra-se no que os anglo-saxões chamam de engagement. Se a atração é o presente dos Esports em recursos humanos, o compromisso é o seu futuro. Um funcionário comprometido é aquele que se sente completamente identificado com a empresa para a qual trabalha e, portanto, se comporta da maneira que melhor interessa à empresa. A verdade é que o mercado de trabalho necessita das novas gerações digitais mais do que nunca, no entanto, em poucas ocasiões é capaz de oferecer experiências para estas que sejam algo mais do que um ambiente puramente transacional.

Neste sentido, os Esports promovem um ambiente lúdico e desafiante que pode recompensar os funcionários para além da mera compensação financeira. É um caminho natural para unir equipas, motivá-las a quebrar barreiras, como a apatia ou a timidez e proporcionar um ambiente criativo que também as ajuda a crescer enquanto pessoas e profissionais.

E é aqui que surge o caminho mais experimental no campo dos recursos humanos: avaliação e desenvolvimento. Num mundo em que a experiência do usuário é cada vez mais importante, os videojogos são uma ferramenta perfeita para observar os comportamentos de qualquer pessoa, livre de preconceitos. Nesse sentido, alguns videojogos podem fornecer pistas a um observador treinado sobre o perfil das habilidades do jogador e, assim, ajudá-lo a elaborar um plano de desenvolvimento que se foque nos seus pontos de melhoria.

Seja como for, os Esports vieram para ficar. O que podemos ter a certeza é que, à medida que solidificarem a sua posição, veremos novas aplicações no ambiente profissional e pessoal. Ainda não sabemos se estes vão ganhar espaço nos Jogos Olímpicos. O que temos a certeza é que muito em breve começaremos a vê-los nas empresas mais próximas de nós.

NOTA: post original escrito por Jose Luis Gugel para economista.es.

Podes ver o artigo original aqui.